A Fundação Calouste Gulbenkian mostrou ao mundo o olhar de um dos maiores artistas português de todos os tempos. numa exposição entitulada “Amadeu Souza-Cardoso (1887-1918): Diálogo de Vanguardas. Desde o início da exposição (14 de Novembro) até meia noite de 13 de Janeiro, o Museu da Gulbenkian recebeu 100.117 visitantes, cenário pouco comum nos eventos culturais deste tipo, em Portugal. Com efeito, a administração viu-se obrigada a alterar o horário de funcionamento do museu que, no último fim-de-semana, continuou de portas abertas pela noite fora. O que nem é de estranhar, se tivermos em conta os hábitos do nosso povo…
A exposição reuniu 260 obras do artista português às quais se juntaram outros nomes de artistas seus contemporâneos como Modigliani, Picasso ou Almada Negreiros que, em conjunto com uma boa cobertura mediática, tornaram este evento num sucesso.
Quando, em 1939, os tambores da guerra soaram novamente e o continente europeu mergulhou em destruição e sofrimento, muitos foram os artistas que partiram para o outro lado do Atlântico. Os Estados Unidos e, mais exactamente, a cidade de Nova Iorque foram o destino escolhido para o retomar das suas actividades artísticas. Desde o início do século 20 que Nova Iorque mostrava estar atenta aos movimentos das vanguardas europeias e receptiva às suas criações. Exemplo desta atitude foram as exposições de trabalhos de Picasso, Matisse, Rodin e Picabia, entre outros, levadas a cabo por Alfred Stieglitz na sua galeria da 5ªAvenida e o Armory Show, grande exposição realizada em 1913, que contou também com alguns trabalhos de Amadeu de Sousa Cardoso . Nova Iorque revelou, assim, possuir as qualidades necessárias para substituir Paris - a «capital do século 19» que atraíu, até ao advento da I Guerra Mundial, vagas sucessivas de artistas do velho e novo continentes -, como pólo de atracção e centro da criação artística a partir, sobretudo, do final da década de 1940. Não foram só os artistas europeus que escolheram esta cidade para desenvolver as suas actividades criativas, o mesmo sucedeu com artistas americanos, nascidos noutras partes dos Estados Unidos. Nascido em 1935 em Cincinnati, Ohio, Jim Dine mudou-se para Nova Iorque em 1958, depois de ter realizado estudos de arte na sua cidade natal e em Boston. Por estes anos, a cena artística nova-iorquina era agitada por Happenings – espécie de eventos teatralizados, cujo objectivo era misturar a expressão artística com a realidade -, tendo Dine participado em alguns realizados, entre outros, por Allan Kaprow e Claes Oldenburg. Entre 1959 e 1960, Jim Dine começou a criar obras cuja linguagem formal se aproximava das características da Pop Art, combinando pintura com a incorporação de objectos variados do quotidiano. As suas assemblages, contudo, tinham um carácter muito pessoal, marcado pelas suas experiências emocionais. Para além da pintura, ao longo sua actividade, Jim Dine tem experimentado também outros meios de expressão como a escultura, o desenho, a ilustração e a fotografia. Os temas abordados reflectem o seu interesse pelo corpo, as memórias pessoais e o sujeito. Nos seus trabalhos fotográficos, Dine utiliza tons escuros e sombras muito contrastadas para tratar esses temas, referindo que as suas fotografias «mostram o seu inconsciente ». As técnicas que utiliza - a fotogravura e a impressão jacto de tinta – permitem-lhe manipular as imagens conseguidas, o que no seu caso acontece, frequentemente, através da sobreposição de fotografias. Esta obra constitui o catálogo raisonné das fotografias de Jim Dine e foi publicada em conexão com a exposição retrospectiva que, em 2003, foi realizada, em diversos museus europeus e americanos.
quarta-feira, janeiro 31, 2007
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